A ideia surgiu numa conversa entre o bicampeão mundial de F-1 Emerson Fittipaldi e o antigomobilista Julio Penteado: porque não transformar o autódromo de Interlagos (SP) _e o seu entorno_ num verdadeiro destino turístico?
A exemplo do que acontece em diversos países, onde, quando não há corridas, os circuitos podem ser desfrutados por amadores, a fruição da clássica pista de competições paulistana poderia ser explorada, ganhando um hotel temático ao lado do autódromo, restaurantes idem e um grande museu dedicado ao automobilismo.
Nos EUA, Daytona (Flórida) explora um turismo essencialmente voltado para o mundo das corridas. Sua pista oval e inclinadíssima tem passeio de bondinho, há na área lanchonete de primeira linha e, no fim da visita, os visitantes são levados a uma loja e livraria para aficionados em autos de competição.
Indianápolis (Indiana), com seu antológico museu de bólidos de corrida, é um importante destino turístico norte-americano durante a prova mítica das 500 milhas de F-Indy e, também, durante o ano todo.
Já em Interlagos, infelizmente, a situação é meio que desoladora. Não há sinalização turística em outros idiomas, as arquibancadas vivem vazias ou fechadas, a prefeitura gasta uma nota preta todos os anos para hospedar a F-1, mas, no resto do ano, o autódromo paulistano vive fechado, não dá bola para o visitante, seja ele brasileiro ou estrangeiro.
Pioneiro da moderna F-1 entre os brasileiros e um piloto mítico e arrojado de projeção mundial -que também ganhou o campeonato de F-Indy-, Emerson Fittipaldi anda empenhado em resgatar e promover a cultura do automobilismo entre nós. E parece empolgado com a ideia de transformar Interlagos em marca e em local de turismo.
O mesmo entusiasmo em transformar Interlagos num resort acomete Julio Penteado, dirigente do Alfa Romeo Clube do Brasil e um colecionador aficionado, que esteve em dezenas de eventos ligados a carros de competição históricos ao redor do mundo, caso de Pebble Beach, na Califórnia, e da Mille Miglia, na Itália.
Num país que foi capaz de revelar pilotos campeões mundiais de F-1 do quilate de Emerson, Nelson Piquet e Ayrton Senna, seria uma alegria ver toda essa história contida num museu. Se construído junto ao circuito, tal museu poderia empolgar novas gerações e mostrar a história do esporte, de forma interativa, em vídeos e fotos, em carros de competição originais e em depoimentos gravados de pilotos como Bird Clemente e Wilson Fittipaldi Jr.
E não estamos falando de qualquer museu, mas de um que fosse capaz de resgatar os nomes e as histórias de Chico Landi, Camilo Christófaro e José Carlos Pace, para ficar em apenas alguns exemplos.
São Paulo bem que merecia e, além da Prefeitura, que explora o autódromo, as indústrias automobilística e hoteleira poderiam ser instadas a participar da transformação de Interlagos.