O aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP), é uma baiuca. Para se chegar nele, o acesso é horroroso e demora horas. Dentro, além dos preços extorsivos praticados pelos bares e restaurantes, há pouca vigilância, seja na área de estacionamento, seja nos saguões de embarque e de desembarque.
Quem chega de viagem, passa por uma apertada (e única) escada rolante e busca as suas malas, logo vê o caos causado pelas esteiras de mala precárias e estreitas, com bagagens que caem pelas tabelas. E tem a fila do free shop, que frequentemente dá a volta na loja nos horários de maior fluxo de chegada de voos internacionais.
A novidade é que o aeroporto de Guarulhos estará entrando em reforma. A empresa sul-africana Acsa, que, entre outros, reformou e adminstra o aeroporto (excelente e caro) de Johannesburgo, anunciou na última quarta-feira que está iniciando as obras de ampliação de Cumbica.
A empresa terá que correr contra o relógio para, a tempo da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, construir um terceiro terminal de passageiros capaz comportar 12 milhões de passageiros/ano, um hotel de padrão cinco estrelas com 50 leitos e um edifício de cinco andares que servirá para o estacionamento de 3.300 vagas.
O investimento previsto é de R$ 3 bilhões até 2014 _e a Acsa se comprometeu a entregar as melhorias três meses antes da Copa.
Como não existe investimento sem retorno no mundo das empresas privadas, é de se esperar um aumento das taxas aeroportuárias e, também, dos aluguel dos estabelecimentos comerciais que funcionam dentro de Cumbica, valores que, imagina-se, serão repassados para os passageiros.
A concessionária sul-africana recorreu ao crédito do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e os recursos devem ser liberados de acordo com o ritmo das obras.
Depois da Copa de 2014, a Acsa, que vai administrar Cumbica por 20 anos, ainda deverá, segundo contrato, seguir investindo em mais melhorias (tais como a expansão do terminal futuro 3 e a construção de outros dois hotéis (um de três e outro de quatro estrelas).
Se o Brasil quer ser sede de eventos internacionais do porte de uma Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de 2016, tais investimentos são absolutamente necessários. E, quem viver, verá se os planos arrojados foram realizados com eficiência e lisura, duas condições básicas que nem sempre andam juntas quando se trata de gerir o bem público no país.