Nem é preciso ser matemático ou economista para fazer as contas e verificar que São Paulo e Rio estão entre as mais caras metrópoles do mundo. Também não é preciso ser especialista em turismo para constatar porque o Brasil está fora do fluxo turístico mundial, estagnado há anos na marca de 5 milhões de turistas estrangeiros/ano enquanto, no mesmo espaço de tempo, a França recebe 80 milhões de viajantes de outros países; a Espanha, 70 milhões; a Itália e os EUA cerca de 50 milhões cada.
Para colocar números nessa chaga que é a incapacidade do país receber visitantes estrangeiros e no descaso com que o governo federal trata o turismo brasileiro, basta checar os números divulgados pela consultoria Mercer divulgados neste mês: São Paulo é a 12a. cidade mais cara do mundo; o Rio, a 13a.
Tóquio, é verdade, está no topo desta lista e é, de acordo com a pesquisa, a metrópole mais cara do mundo. Mas lá não tem flanelinha, nem cracolândia, nem arrastão em restaurante. As ruas e as calçadas são impecáveis, o transporte público é lotado mas funciona e não se cobra gorjeta em lugar nenhum, expediente que os japoneses consideram ofensivo, ainda que carreguem as suas mala, sirvam sua mesa etc.
Tal estudo coloca Nova York como a 33a. mais cara metrópole do planeta, 20 posições abaixo do Rio. E, em matéria de serviços de turismo, hotéis e compras, nem de longe dá para comparar a Big Apple com São Paulo ou com o Rio…
Salvo cidades convulsionadas pela política, caso de Caracas, a 29a. mais cara dessa ranking, que subiu 22 posições desde o ano passado embalada pelas fanfarronices de Hugo Chavez, a lista tem sua lógica: metrópoles mais chiques e eficientes são mais caras.
E tem ainda o caso bizarro de Luanda, onde o desabastecimento e a insegurança também campeiam e que se deslocou para o 2o. lugar, abaixo só de Tóquio.
A pesquisa da Mercer, divulgada dia 11, leva em conta preços de transporte, habitação, alimentos, entretenimento, que são mais relacionados ao segmento de turismo, e, também, artigos do lar e vestuário. A cotação das moedas locais em relação ao dólar influi na avaliação –e é preciso lembrar que, entre nós, a moeda norte-americana valorizou-se de um patamar ao redor de R$ 1,80, onde ficou por um bom tempo, para cerca de R$ 2, nos dias de hoje.
Também para o brasileiro, a saída tem sido Cumbica, Galeão e areportos internacionais, pois há casos em que fazer turismo no exterior é bem mais em conta do que viajar pelo Brasil.
E há tarifas promocionais bem em conta para ir para os EUA e Europa, por até por menos de US$ 1.000, isso em companhias aéreas de primeira linha.
Como para o brasileiro sempre dá para piorar, o governo federal recém aumentou o IOF para compras no exterior. Quem usa cartão de crédito (e quem não usa?) tomou um susto com o aumento da alíquota desse imposto de 2,38% para 6,38%. Mais uma mordida no bolso do brasileiro que deve engordar o repasto do leão da Receita em estimados R$ 802 milhões/ano.
A solução passou a ser viajar com dinheiro vivo, como se fazia antigamente, aumentando o risco de ser roubado. Ou com cartões pré-pagos, o chamado “travel money”.
Aqui, onde os impostos são escorchantes e a insegurança campeia, vive-se um dia a dia de aeroportos sucateados, faltam de trens para chegar a eles, e as tarifas, bem caras, geralmente estão aquém da qualidade dos serviços oferecidos…
Dá para fazer bonito na Copa do Mundo e nas Olimpíadas a despeito de preços altos e problemas como esses?