Turismo brasileiro, na rabeira do mundo
08/06/12 17:15No melhor estilo “viva eu, viva tudo, viva o Chico barrigudo”, entidades respeitáveis publicam livrinhos (nem tanto) sobre a atividade turística entre nós.
Como todo mundo acha que entende do assunto, até mesmo o presidente da Embratur e o o ministro do Turismo, que nunca antes neste país (e nem em qualquer outro país) haviam militado na área, esses livrinhos viram cartilhas anacrônicas de títulos pomposos: “Quem pensa e faz o Turismo acontecer.”
Num desses textinhos edulcorados que pretendem analisar o turismo receptivo no Brasil, um dos países menos visitados em todo o mundo, um deputado federal sergipano garimpou um diamante: “Não restam dúvidas de que o Brasil é um dos destinos turísticos mais desejados (…). Não que já sejamos um dos países mais visitados (…)”.
Pois é, amargamos a marca história de 5 milhões de turistas estrangeiros/ano vindo para cá. Dez vezes menos do que a Itália ou os Estados Unidos; doze vezes menos do que a Espanha; quatorze vezes menos do que a França!
Mas, se nos compararmos com países vizinhos, o fiasco também é evidente. E faltam critérios confiáveis para contar quem é turista. Aquela filipeta que todo mundo recebe ao fazer check-in num hotel, onde constam informações importantes como o propósito da viagem, a nacionalidade, o número de estadas, a idade e profissão do viajante, não é tabulada. E, portanto, não serve para nada, é um ‘fake’, guardada por segurança pelo hotel só até que o hóspede faz o check-out, quando vai para o lixo.
A verdade é que o Brasil é caro pra chuchu, é inseguro, não tem sinalização turística, nem estradas, nem aeroportos ou ferrovias como manda o figurino internacional (isso para mencionar apenas alguns quesitos em que estamos na rabeira do mundo).
E, para falar a verdade, não tem saneamento básico suficiente: as praias entre São Paulo e Rio, lindíssimas, em geral integram a lista negra de praias poluídas. Sustentabilidade é, entre nós, apenas uma quimera, uma palavra bonita que contrasta com o nosso modo inconsequente de (não) tratar o esgoto, de poluir os rios com todo o tipo de resíduo industrial, de não dar a mínima para preservar biomas, rios e muitas de nossas áreas naturais…
Turismo não rima com improviso e, para os grandes eventos que o país deve sediar nos próximos anos, a verba que o governo federal deveria direcionar para capacitação profissional do setor pode até ter favorecido ONGs de fachada. De lá pra cá, mudou alguma coisa para melhor?
Do jeito que vai, não vamos: o Brasil é anti-exemplo mundial de turismo. Ou não é?